quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Piadas

















Conclusão: Gabriela, cravo e canela. Segunda geração (1930-1945) – Prosa JORGE AMADO

Conclusão:
Gabriela, cravo e canela.
Segunda geração (1930-1945) – Prosa
JORGE AMADO

Jorge Amado teve todos os momentos da sua vida ligados a uma obra em que fez a cada momento dela, e cada obra de deixar qualquer autor de “queixo caído” escrevia como ninguém e a cada novo livro um novo rumo de historia em novos personagens, novas situações e um novo sucesso.
Livros que foram consagrados e que até hoje são lidos por gerações e gerações e que se perpetuara por sua autenticidade.
Ele foi um mito que e lembrado até hoje, ao falar em cultura lembramos de Jorge Amado.
Passou por diversas situações tristes em sua carreira como a morte da sua filha, a morte de sua ex-mulher mais nada tirou dele a delicadeza e simplicidade ao escrever diversos livros.
Obra de grande sucesso nacional e internacional, Gabriela Cravo e Canela, marcou o nosso país pela simplicidade e honestidade com que foi passada. Jorge Amado grande jornalista, romancista e memorialista e brasileiro, soube mostrar como ninguém um romance, baseado nos tempos de escravidão e progresso em Ilhéus.
Após a conclusão do trabalho pudemos conhecer um pouco mais do autor e da obra Gabriela Cravo e Canela, pudemos sentir como o amor é forte e ultrapassa todas as barreiras.
Com seu jeito de menina levada, Gabriela conquistou não só Sr.Nacib e todos os garanhões daquela época, mas também à todos os brasileiros e à nós, Gabriela mostra que não se precisa de luxo para ser feliz que a vida é feita de escolhas e que delas trilhamos o melhor caminho, Gabriela não fez o que era prudente traindo Sr. Nacib com Tonico Bastos, mas essa foi a forma que ela encontrou para mostrar a ele que ela não gostava de ser “presa” a um casamento.

Seus livros traçam um verdadeiro e completo quadro do povo brasileiro em especial os baianos. A linguagem simples, marcada por expressões populares, a preocupação com os costumes e o bom humor fizeram dele um dos escritores mais queridos do Brasil.

Sua vasta obra é dividida em função dos temas:

Romances da Bahia: retratam a vida das classes oprimidas de Salvador, denunciam as desigualdades sociais, entre eles destaca-se: Capitães de Areia.

Romances sobre o ciclo do cacau: retratam a exploração dos trabalhadores rurais pela economia latifundiária do Nordeste. Entre eles destacam-se: Cacau e Terras do Sem Fim.

Crônicas de costumes: partem dos cenários do agreste e da zona cacaueira para uma reflexão sobre a vida, os amores e os costumes da sociedade. Entre eles destacam-se as famosas figuras femininas como: Gabriela, cravo e canela, Dona flor e seus dois maridos, Tieta do Agreste e Tereza Batista cansada de guerra.

Biografia do Autor:Jorge Amado.

Biografia do Autor:
        Jorge Amado.

Jorge Amado foi um dos principais escritores da literatura brasileira, um dos representantes do ciclo do romance baiano, Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge Amado de Faria, nasceu em Itabuna, Bahia, em 10 de agosto de 1912. É considerado é dos principais representantes do romance regionalista da Bahia.
Este romancista brasileiro é um dos mais lidos no Brasil e no mundo. Com livros traduzidos para diversos idiomas, suas obras refletem a realidade dos temas, paisagens, dramas humanos, secas e migração. 
Escritor desde a adolescência. Jorge Amado segue o estilo literário do romance moderno. Em seus livros existe o domínio do físico sobre a consciência. Suas personagens geralmente são plantadores de cacau, pescadores, artesãos e gente que vive próximo ao cais, em Salvador, capital da Bahia.
O estilo deste autor também é conhecido como romance da terra e seus livros possuem uma linguagem agradável e de fácil compreensão. Suas obras literárias conquistaram não só os falantes da língua portuguesa como de outros idiomas: inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, etc.
Em dezembro de 1933, casa-se com a primeira mulher, Matilde Garcia Lopes, com quem tem uma filha, Eulália. Separa-se de Matilde em 1944.
Em 1946,  conhece Zélia Gattai, com quem passa a viver.e nasce seu primeiro filho, João Jorge.
Em 1949, sua filha Eulália morre de causas não conhecidas.
 Em 1951, nasce a filha Paloma, Fixa residência no Rio de Janeiro e passa a produzir e viver da literatura modestamente.
Jorge Amado sofre um edema pulmonar no ano de 1996 e logo depois submetido a uma angioplastia, a partir de então vive uma vida de privações e de tristeza, pois não conseguia mais enxergar direito e, por isso, tinha dificuldade em ler e escrever e por não poder comer mais o que gostava.
Em 2001, é internado com crise de hiperglicemia e tem uma fibrilação cardíaca. Volta a sua casa, mas passando mal novamente, morre no dia 06 de agosto, em Salvador, aos 88 anos de idade. Morreu quatro dias antes de completar 89 anos de idade.
São seus livros:
O País do Carnaval, Cacau, Jubiabá, Terras do Sem fim, A Morte e a Morte de Quincas Berro d´Água, Seara Vermelha, O Cavaleiro da Esperança, O Mundo da Paz, Os Subterrâneos da Liberdade, Gabriela, Cravo e Canela, Suor, Mar Morto, Capitães de Areia, São Jorge dos Ilhéus, Os Velhos Marinheiros, Os Pastores da Noite, Dona Flor e seus Dois Maridos, ABC de Castro Alves, O Amor do Soldado, Bahia de Todos os Santos, A Estrada do Mar, Tereza Batista Cansada de Guerra, Tieta do Agreste, Farda Fardão e Camisola de Dormir.
É representante da segunda fase do Modernismo no Brasil, voltada aos romances regionalistas. No entanto, a obra de Jorge Amado é dividida pelos críticos literários em:

1°:. romances da Bahia ou proletários que retratam a vida na cidade de Salvador, como é o caso de Suor, O país do Carnaval e Capitães da areia.
2°:. romances ligados ao ciclo do cacau, que correspondem aos livros Cacau e Terras do sem fim.
3°:. crônicas de costumes, começadas com Jubiabá e Mar Morto e estendendo-se por Gabriela, cravo e canela.

Contexto Histórico:2° Geração do Modernismo brasileiro (1930 – 1945)

Contexto Histórico:
2° Geração do Modernismo brasileiro (1930 – 1945)

         Era Vargas
         Lei De Segurança Nacional
         Queda Da Bolsa de Nova Iorque

Era Vargas

         A Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos ininterruptos (de 1930 a 1945). Essa época foi um divisor de águas na história brasileira, por causa das inúmeras alterações que Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.

Lei De Segurança Nacional

         A Lei de Segurança Nacional, promulgada em 4 de abril de 1935, definia crimes contra a ordem política e social. Sua principal finalidade era transferir para uma legislação especial os crimes contra a segurança do Estado, submetendo-os a um regime mais rigoroso, com o abandono das garantias processuais

Queda Da Bolsa de Nova Iorque

         Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque de 1929, bancos e investidores perderam grandes somas em dinheiro. A situação dos bancos era agravada pelo fato que muitos destes bancos haviam emprestado grandes somas de dinheiro a fazendeiros. Após o início da Grande Depressão, porém, estes fazendeiros tornaram-se incapazes de pagar suas dívidas. Isto, por sua vez, causou a queda dos lucros destas instituições financeiras.

Contexto Histórico


  • Recebendo como herança todas as conquistas da geração de 1922, a segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.

  • Período extremamente rico tanto em termos de produção poética quanto de prosa, reflete um conturbado momento histórico: no plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço do nazismo fascismo e a II Guerra Mundial; no plano interno, Getúlio Vargas ascende ao poder e se consolida como ditador, no Estado Novo. Assim, a par das pesquisas estéticas, o universo temático se amplia, incorporando preocupações relativas ao destino dos homens e ao "estar-no-mundo".

  • Em 1945, ano do fim da guerra, das explosões atômicas, da criação da ONU e, no plano nacional, da derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária do Brasil.


Características da Obra:MODERNISMO NO BRASIL 2ª. Geração.

Características da Obra:
MODERNISMO NO BRASIL 2ª. Geração.

O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a  cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do séc. XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas.
Divide-se o Modernismo em três fases:

1ª. fase: mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior,
cheia de irreverência e escândalo;
“2ª. fase: mais amena, que formou grandes romancistas e poetas;”
3ª. fase: também chamada Pós-Modernismo por vários autores,
que se opunha de certo modo a primeira e era por isso
ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.

Segunda geração (1930-1945)
Rica na produção poética e também na prosa. O universo temático amplia-se com a preocupação dos artistas com o destino do Homem e no estar-no-mundo. Ao contrário da sua antecessora, foi construtiva.
A maioria dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o antiacademicismo. Assim não precisou ser tão combativa quanto a de 22, devido a utilização de uma linguagem poética modernista já estruturada. Passaram a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de purificação de meios e formas direcionando e ampliando a temática da inquietação filosófica e religiosa.
A prosa aumenta sua área de interesse ao incluir preocupações de ordem política, social, econômica, humana e espiritual. A piada foi sucedida pela gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios.
Essa geração foi grave, assumindo uma postura séria em relação ao mundo, cujas dores, considerava-se responsável. Outra característica dessa época é o encontro do autor com seu povo, havendo uma busca do homem brasileiro em diversas regiões, tornando o regionalismo importante.


*      Principais  Autores – Poesia
*      Principais  Autores – Prosa  

Ø       Augusto F,Schmidt (1906-1965)
Ø      Carlos D. de Andrade (1902-1987)
Ø      Cecília Meireles (1901-1964)
Ø      Jorge de Lima (1895-1953)
Ø      Murilo Mendes (1901-1975)
Ø       Vinícius de Moraes (1913-1980)

Ø       Cornélio Pena (1896-1958)
Ø       Cyro dos Anjos  (1906-1994)
Ø       Érico Veríssimo (1905-1975)
Ø        Graciliano Ramos (1892-1953)
Ø        Jorge Amado (1912-2001)
Ø        José Américo de Almeida (1887-1957)
Ø        José Lins do Rego (1901-1957)
Ø        Lúcio Cardoso (1913-1968)
Ø        Marques Rebelo (1907-1973)
Ø        Octávio de Faria (1908-1980)
Ø        Patrícia Galvão (1910-1962)
Ø        Rachel de Queiroz (1910-2003)
               

Gabriela Cravo e Canela

Gabriela Cravo e Canela
Resumo

O romance, Gabriela, Cravo e Canela, pertence ao Modernismo de segunda fase, dividido em duas partes e estas também divididas em outras duas.
            A história começa em 1925, na cidade de Ilhéus.
A primeira parte é Um Brasileiro das Arábias e sua primeira divisão é O langor de Ofenísia. A história nesta parte centra-se em dois personagens: Mundinho Falcão e Nacib. Mundinho é um jovem carioca que veio morar em Ilhéus e enriqueceu como exportador. Planeja acelerar o desenvolvimento da cidade, melhorar os portos e derrubar Bastos, o inepto governante. Nacib é um sírio (que detesta ser chamado de turco, respondendo sempre que "turco é a mãe!") dono do bar Vesúvio, que se encontra em meio a uma grande tragédia pessoal: a cozinheira de seu bar partiu para ir morar com o filho e ele precisa realizar um jantar para 30 pessoas em comemoração a inauguração de uma linha de ônibus para a cidade de Itabuna. Ele encomenda com um par de gêmeas careiras, mas passa todo capítulo procurando por uma nova cozinheira. No final deste capítulo aparece Gabriela, uma retirante que planeja estabelecer-se em Ilhéus como cozinheira ou doméstica, apesar dos pedidos do amante que planeja ganhar dinheiro plantando cacau.
O segundo capítulo desta primeira parte é A Solidão de Glória e passa-se apenas em um dia. O dia começa com o amanhecer de dois corpos na praia, frutos de um crime passional (todo mundo dá razão ao marido traído/assassino), segue com as preparações do jantar e a contratação de Gabriela por Nacib. No jantar acirram-se as diferenças políticas e, na prática, declara-se a guerra pelo poder em Ilhéus entre Mundinho Falcão (oposição) e os Bastos (governo). Quando o jantar acaba, Nacib volta para casa e, quando ia deixar um presente para Gabriela, silencioso, mas não inocentemente, tem com ela a primeira noite de prazer.
            A segunda parte chama-se é a que dá o nome ao romance, Gabriela Cravo e Canela e sua primeira metade, o capítulo terceiro, chama-se O Segredo de Malvina e passa-se cerca de três meses após o fim do capítulo anterior. Três problemas existem: o caso Malvina-Josué-Glória-Rômulo, as complicações políticas e os ciúmes de Nacib. O primeiro: Josué era admirador de Malvina, com espírito livre, mas filha de um coronel. Esta começa a namorar Rômulo, um engenheiro chamado por Mundinho Falcão para estudar um meio de aumentar a profundidade do canal da barra para permitir que navios grandes atracassem no porto de Ilhéus. Josué se desaponta com Malvina e passa a se interessar por Glória, amante de um outro coronel. Rômulo foge após um escândalo feito pelo machista pai de Malvina. Malvina faz planos de se libertar e Josué começa um caso em segredo com Glória. Na política, acirra-se a disputa por votos. O coronel Bastos manda queimar toda uma tiragem do jornal de Mundinho. Mas Mundinho ganha terreno com a chegada do engenheiro. E perde quando esse foge covardemente. Mas a promessa da chegada da dragas a Ilhéus reverte a situação a favor de Mundinho. Nacib enquanto isso, inicia um caso de amor com Gabriela. Mas está sofrendo terrivelmente pelo ciúme, pois todos cortejam Gabriela, a morena cor de canela e com cheiro de cravo das guloseimas que prepara para o bar de Nacib. Aos poucos ele percebe que é amor e acaba propondo casamento a Gabriela após
a última investida do juiz. O capítulo acaba durante a festa de casamento de Nacib e Gabriela, quando chegam as dragas no porto de Ilhéus.
A quarta e última parte chama-se O Luar de Gabriela. Nesta resolvem-se todos os casos. Pela ordem: Josué e Glória oficializam a relação e Glória é expulsa de sua casa por seu coronel. Na parte da política, após o coronel Ramiro Bastos perder o apoio de Itabuna, ele morre placidamente em seu sono, seus aliados reconhecem que estavam errados (a lealdade era com o homem, não suas idéias) e a guerra política acaba com Mundinho e seus candidatos vencedores.
             Gabriela não se adapta de jeito nenhum à vida de casada, para desespero de Nacib, que pede anulação do casamento ao pegá-la na cama com Tonico Bastos, seu padrinho de casamento. Ninguém ri de Nacib; ao contrário, Tonico é humilhado pela traição ao amigo e sai da cidade. O casamento é anulado sem complicações, pois os papéis de Gabriela eram falsos e ela sai de casa. Nacib fica profundamente amargurado, mas acaba se recuperando. As obras na barra se completam com sucesso. Nacib e Mundinho abrem um restaurante juntos. O cozinheiro chamado pelos dois é obrigado a sair da cidade por admiradores de Gabriela que o ameaçam. Sem alternativa, Nacib recontrata Gabriela. Semanas depois, Nacib e ela reiniciam seu caso, tão ardente como era no começo.

No epílogo, o coronel, que mandou assassinar os dois amantes da primeira parte, é condenado à prisão.

Clímax e Desfecho

          O clímax é o momento marcante de qualquer livro, em "Gabriela Cravo e Canela" existem vários momentos marcantes, porém podemos estabelecer os dois principais em seus respectivos universos.

• Clímax (amoroso) - O clímax deste campo ocorre no momento em que Nacib flagra Gabriela o traindo em sua cama em companhia do sedutor Tonico Bastos.

• Clímax (social e político) - Neste campo o clímax ocorre quando Mundinho Falcão ganha a batalha política do coronel Ramiro Bastos, e acaba então se elegendo. Mostrando que a força do progresso só crescia.

       O desfecho é a parte de conclusão dos acontecimentos da trama, que depende dos acontecimentos do clímax.

• Desfecho (amoroso)- Apesar de ser traído, Nacib sente a falta de Gabriela, tanto no lado profissional (Gabriela enquanto cozinheira), quanto no lado sentimental (a falta de sua amada). Então Nacib acaba perdoando Gabriela, e eles passam a viver como antes do casamento.

• Desfecho (social e político) - Com a vitória de Mundinho Falcão nas eleições o progresso chegou de vez à Ilhéus, sendo quebrados os tabus dos coronéis e iniciando-se novas obras em prol da cidade.

Personagens

• Gabriela - Moça de grande vitalidade que reúne grandes características do biótipo nortista do interior, sendo retirante fugida da seca. Animada, bem disposta, era bonita e por onde passava chamava atenção dos homens, provocando inveja nas mulheres. Não era mulher de relacionamentos mais sérios como o casamento nos quais se sentia "presa". A traição na sua relação com Nacib ocorreu devido a este fato. Gabriela é quem dá ênfase à trama.

• Nacib - O personagem é fundamental não só pela sua relação com Gabriela mas também pelo fato de ser dono do mais importante ponto de encontro da região, o Bar Vesúvio. Era imigrante vindo da Síria e não gostava de fazer parte de nenhum laço político. Pensava ele que se fizesse parte da política poderia perder clientela em casos de desentendimento, já que todos da sociedade frequentavam seu bar. É ele o primeiro homem, na narrativa, a se encantar com a beleza de Gabriela. Era, de acordo com o próprio livro, "um enorme brasileiro, alto e gordo, cabeça chata e farta cabeleira, ventre demasiadamente crescido..." Possuía ainda frondosos bigodes, um rosto gordo e bonachão, além de uma boca grande de sorriso fácil.

• Tonico Bastos - Filho do coronel Ramiro Bastos, possuía a fama de conquistador. Sua razão de viver era esta, o de ser o irresistível. Andava sempre bem vestido, e com um andar despreocupado. Tinha muito sucesso com as mulheres e as opiniões sobre ele variavam em Ilhéus, uns o consideravam bom rapaz e inofensivo. Outros achavam ele burro, covarde e preguiçoso. Era padrinho do casamento de Gabriela e Nacib.

• As irmãs dos Reis - Duas grandes cozinheiras de Ilhéus, Quinquina e Florzinha eram também muito conhecidas por terem construído um enorme presépio. Neste encontravam-se além de imagens santas, imagens de personalidades que foram importantes na história do Brasil.

• Malvina - Por ser jovem e mulher era muito controlada pelo pai, o que era muito comum na época. Por outro lado era a única que possuía coragem para requerer seus direitos. Acabou fugindo de Ilhéus para não ter que casar com quem não queria.

• Filomena - Empregada de Nacib desde que ele comprara o bar, acaba indo embora para morar com o filho Vicente. Abrindo então uma vaga que posteriormente será ocupada por Gabriela.

• Mundinho Falcão - Raimundo Falcão, exportador de cacau. O seu principal objetivo era aumentar a produção de cacau, e possibilitar que o cacau fosse exportado sem ter que antes passar pelo porto da Bahia. Era o símbolo do progresso.

• Capitão - Miguel Batista de Oliveira, o Capitão, era aliado a Mundinho Falcão nas disputas políticas. Possuía um nariz grande e curvo, era moreno e estava sempre vestido de impecável roupa branca. Era uma das grandes personalidades da cidade.                                                                                7
• O russo Jacob e seu sócio Moacir Estrela - Foram eles que organizaram uma empresa de transportes para explorar a ligação rodoviária entre as duas principais cidades de produção de cacau. Isto foi um progresso já que a viagem rodoviária através das marinetes era muito mais rápida e barata que através da ferrovia, a mais comum na época.

• Coronel Ramiro Bastos - Considerado um verdadeiro cacique local, por ser um dos mais antigos moradores de Ilhéus. Era contra a política progressista de Mundinho Falcão, com o qual disputava o poder político da região.

• Coronel Amâncio Leal - Era um homem calmo, porém que já havia lutado muito por terras da região, era um célebre chefe de jagunços. A ele pouco interessava todas aquelas inovações do progresso.

• Josué - admirador de Malvina.
• Rômulo – um engenheiro contratado por Mundinho Falcão para estudar o caso da barra.
• Glória – filha de um coronel.

Tempo e Espaço

            O ambiente é a região cacaueira de Ilhéus, Bahia, e há personagens de diferentes classes sociais, fazendo com que haja variações linguísticas.
Os principais locais visitados eram os bares e cabarés, onde o principal cabaré é o Bataclan, e o bar com menos movimentação é o Vesúvio, mas com o tempo ele superou o Café Ideal e o Bar Chic, perdendo apenas para o Pingo de Ouro, mas passa a ser o de melhor movimentação após a contratação de Gabriela.
            E o tempo é em Ilhéus, na década de 20.

Características da Obra
• Regionalismo - Mostra a Região Nordeste, a miséria, a seca e o descaso dos políticos com essa região.

• Lirismo - Onde o autor expressa diretamente seus sentimentos, estado de espírito e emoções com o objetivo de sensibilizar o leitor .

• Narrador  Onisciente  e em 3ª Pessoa – Ou seja, é aquele narrador que tem conhecimento de tudo que se passa na trama e não participa da história.
  Personagens relacionadas ao meio - São personagens influenciados pelo meio social  em que vivem.
  Romance fictício – Não é um romance verdadeiro.
• Paradoxo entre crescimento urbano e a imposição das regras arcaicas ditada pelos coronéis e capitães cacaueiros – Apesar da cidade de Ilhéus está em progresso, as pessoas ainda possuiam conhecimentos antigos e não aceitavam a modernidade de alguns fatos.
• Preocupação com os costumes e tradições populares:  A preocupação parte dos cenários do Agreste e da Zona Cacaueira para uma reflexão sobre a vida, os amores e os costumes da sociedade.
 •Humor

• Erotismo

Crítica Social
• Os Coronéis X as Forças Progressistas - Este conflito ocorre em plano político. Os coronéis extremamente conservadores são contra o progresso que chegava em Ilhéus, pois temiam perder seus poderes locais. Com o progresso aumentaria o comércio diminuindo assim a importância dos grandes latifundiários da região.

• Exploração dos lavradores - O meio que os coronéis encontravam para manter suas riquezas era a super-exploração dos lavradores. Devido às terras se concentrarem nas mãos de poucos latifundiários ficando uma grande massa de trabalhadores passando fome e por não terem escolha aceitam as miseráveis condições impostas por estes.

• As relações sociais - A mulher não possuía direitos como os do homem, suas opiniões não eram consideradas pela sociedade, possuía apenas o papel de cuidar dos afazeres domésticos e terem filhos. Às vezes eram tratadas como objetos assim como a alguns trabalhadores braçais, verdadeiras mercadorias.

• O adultério - O livro divulga bem esta questão. Nesta época o adultério era extremamente comum, porém punido com severidade, era normal o homem traído matar a mulher e o amante para manter sua imagem limpa perante a sociedade, isto era chamado de defesa da honra. No caso da traição de Gabriela, ela acabou perdoada por Nacib destoando dos demais casos da época e acabando com este "tabu".

Lexicografia

Esta obra apresenta altos e baixos, o escritor abusa dos clichês e não tem cuidado formal. Apesar disso, ao lermos seu romance temos uma vasta visão da sociedade baiana.
O tom coloquial e popular de suas obras cativou o público que se encantou com seus livros que foram traduzidos em vários países.
A linguagem exerce um papel importante na sociedade, pois através dela o homem se constitui como sujeito, estabelece as relações sociais, retrata o conhecimento de si próprio e do mundo que está inserido. Gabriela, Cravo e Canela alia o lirismo à crítica social, caracteriza-se pela simplicidade da linguagem e pelo tom coloquial e popular, satirizante e de fácil comunicação com o público com um estilo solto, através de sua riqueza léxico-semântica, impregnadas nas frases feitas, nos provérbios e no seu próprio estilo. Os personagens são de diversas classes sociais e espaços geográficos, havendo, portanto, as variações linguísticas nos planos diastráticos e diatópicos.

Gabriela, cravo e canela, 1953 – Romance

Gabriela, cravo e canela, 1953 – Romance

Em 1956, ocorreu um fato fundamental: o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, desfechando críticas e denúncias contra a ditadura de Stálin. Jorge Amado vê que vai ficando definitivamente para trás o dogma de que a literatura não deveria mais ser do que um instrumento ideológico, partidário.
Ele está agora no Brasil, no Rio de Janeiro. E quando faz a sua rentrée literária, em 1958, com a publicação de Gabriela, cravo e canela, quase que sugere um novo Jorge Amado. É claro que não abole, pura e simplesmente, os vínculos com a sua obra anterior. Mas é outro o olhar que dirige às coisas do mundo e da vida. Permanece socialista, mas acentuando, sempre com maior ênfase, o qualificativo "democrático".
Gabriela, de resto, é um retorno ao chamado "ciclo do cacau". Ao universo de coronéis, jagunços, prostitutas e trambiqueiros de calibre variado, que desenham o horizonte da sociedade cacaueira. No caso, a Ilhéus rica da década de 20, ansiando progressos e avançando na noite litorânea, entre bares e bordéis.
A perspectiva, no entanto, é claramente distinta. Antes que se articular em função do utopismo marxista, o livro se deixa imantar pelo seu presente. E é uma explosão, uma folia de luz e cor e som e sexo e riso. O sucesso é imenso. E a trama do romance vai se desprender das letras, da moldura tipográfica, para virar filme, telenovela, fotonovela, quadrinhos, canção.
Concluído em Petrópolis, Rio de Janeiro, em maio de 1958, o romance teve sua 1ª edição pela Livraria Martins Editora, São Paulo, 1958, com 453 páginas, capa de Clóvis Graciano e ilustrações de Di Cavalcanti. Já em dezembro do mesmo ano, foi lançada a 6ª edição, que passou a integrar a coleção "Obras Ilustradas de Jorge Amado" como tomo décimo quarto, volume XIX, seguindo-se edições sucessivas até a 50ª edição, 1975. Nesse mesmo ano, foi publicada fora da coleção, em convênio entre a Livraria Martins Editora e a Distribuidora Record, Rio de Janeiro, a 51ª edição, com capa de Di Cavalcanti, conservando as ilustrações anteriores, 363 páginas, retrato do autor por Carlos Bastos e foto do autor por Zélia Gattai. A Editora Record, Rio de Janeiro, passou a deter os direitos editoriais da 52ª em diante, e publicou a 80ª edição, 1999, a mais recente, com fixação de texto por Paloma Jorge Amado e Pedro Costa, capa de Pedro Costa com ilustração de Di Cavalcanti, sobrecapa e ilustrações de Di Cavalcanti, com vinhetas por Pedro Costa, retrato do autor por Jordão de Oliveira e foto do autor por Zélia Gattai.
O romance obteve, já no ano seguinte ao da sua 1ª edição, cinco prêmios: Prêmio Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, 1959; Prêmio Paula Brito, da antiga Prefeitura do Distrito Federal, Rio de Janeiro, 1959; Prêmio Luísa Cláudia de Sousa, do PEN Clube do Brasil, Rio de Janeiro, 1959; Prêmio Carmem Dolores Barbosa, de São Paulo, 1959; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, 1959.
O nome Gabriela se tornou popular após o romance, sendo utilizado para denominar de bares e restaurantes a suco de cacau, além de empresas as mais diversas.
Foi publicado em Portugal e é o romance de Jorge Amado com o maior número de traduções, tendo sido editado em alemão, árabe, búlgaro, catalão, chinês, coreano, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, estoniano, finlandês, francês, georgiano, grego, hebraico, holandês, húngaro, inglês, italiano, lituano, moldávio, norueguês, persa, polonês, romeno, russo, sueco, tcheco, turco, ucraniano e macedônio.


Gabriela Cravo e Canela - Jorge Amado

Gabriela Cravo e Canela - Jorge Amado


Escrita por Jorge Amado em 1958, a obra Gabriela Cravo e Canela, um romance regionalista, rendeu ao autor cinco importantes prêmios e uma excepcional aceitação pelo público, sendo também êxito no estrangeiro, tendo sido traduzida em quinze línguas. Este sucesso deve se principalmente a maneira do autor, com seu espírito jovial, de escrever e trabalhar tão bem suas personagens.
Ao lermos o livro percebemos duas principais vertentes que ocorrem paralelamente e que conduzem todo o romance:
a.. O amor entre a mulata Gabriela e o sírio Nacib. O campo amoroso da narrativa.
b.. A chegada do progresso em Ilhéus, local onde se passa a história. O campo social e político da narrativa.
Personagens
Iremos a seguir mostrar os personagens principais e secundários divididos de acordo com seus papéis.
a.. Personagens Protagonistas (no campo amoroso).
Consideramos Gabriela e o turco Nacib os protagonistas da história devido ao romance vivido entre eles e a importância deste no romance.
Gabriela- Moça de grande vitalidade que reúne grandes características do biótipo nortista do interior, sendo retirante fugida da seca. Animada, bem disposta, era bonita e por onde passava chamava atenção dos homens, provocando inveja nas mulheres. Não era mulher de relacionamentos mais sérios como o casamento nos quais se sentia "presa". A traição na sua relação com Nacib ocorreu devido a este fato. Importante: é Gabriela que dá ênfase à trama.
"Caído o braço roliço, o rosto moreno sorrindo no sono, ali, adormecida na cadeira, parecia um quadro. Quantos anos teria? Corpo de mulher jovem, feições de menina."
Este trecho exemplifica e exalta a beleza física de Gabriela.
Nacib- O personagem é fundamental não só pela sua relação com Gabriela mas também pelo fato de ser dono do mais importante ponto de encontro da região, o Bar Vesúvio. Era imigrante vindo da Síria e não gostava de fazer parte de nenhum laço político. Pensava ele que se fizesse parte da política poderia perder clientela em casos de desentendimento, já que todos da sociedade freqüentavam seu bar. É ele o primeiro homem, na narrativa, a se encantar com a beleza de Gabriela. Era, de acordo com o próprio livro, "um enorme brasileiro, alto e gordo, cabeça chata e farta cabeleira, ventre demasiadamente crescido..." Possuía ainda frondosos bigodes, um rosto gordo e bonachão, além de uma boca grande de sorriso fácil.
"Do que não se recordava mesmo era da Síria, não lhe ficara lembrança da terra natal tanto se misturara ele à nova pátria e tanto se fizera brasileiro e ilhense."
Trecho da narrativa referente a Nacib e sua nacionalidade.
2.Personagens Antagonistas (no campo amoroso)
Para considerarmos uma personagem antagonista devemos analisá-la e assim ver o seu verdadeiro papel na narrativa. No caso deste romance consideramos a personagem Tonico Bastos como a antagonista. Pelo fato de ele ser o fator determinante na traição entre Gabriela e Nacib.
Tonico Bastos- Filho do coronel Ramiro Bastos, possuía a fama de conquistador. Sua razão de viver era esta, o de ser o irresistível. Andava sempre bem vestido, e com um andar despreocupado. Tinha muito sucesso com as mulheres e as opiniões sobre ele variavam em Ilhéus, uns o consideravam bom rapaz e inofensivo. Outros achavam ele burro, covarde e preguiçoso.
Foi este seu jeito que conquistou Gabriela, fazendo com que ela se esquecesse de Nacib por um momento.
"De nenhum outro temera tanto Nacib a concorrência, ao contratar Gabriela, quanto de Tonico. Não era ele o conquistador sem rival, o tombador de corações?"
Trecho que mostra a preocupação de Nacib em relação a seu amor Gabriela e o conquistador Tonico Bastos.
3. Personagens Secundários (no campo amoroso)
São personagens da conturbada vida amorosa e doméstica de Ilhéus ou ainda personagens relacionados ao cotidiano de Gabriela, Nacib ou de Tonico Bastos. A seguir citaremos algumas personagens neste campo.
As irmãs dos Reis- Duas grandes cozinheiras de Ilhéus, Quinquina e Florzinha eram também muito conhecidas por terem construído um enorme presépio. Neste encontravam-se além de imagens santas, imagens de personalidades que foram importantes na história do Brasil.
Malvina- Por ser jovem e mulher era muito controlada pelo pai, o que era muito comum na época. Por outro lado era a única que possuía coragem para requerir seus direitos. Acabou fugindo de Ilhéus para não ter que casar com quem não queria.
Filomena- Empregada de Nacib desde que ele comprara o bar, acaba indo embora para morar com o filho Vicente. Abrindo então uma vaga que posteriormente será ocupada por Gabriela.
No campo político os personagens estão divididos em duas principais alas: a ala dos que querem e estimulam o tão falado progresso e aqueles que são contra os desejos desta ala progressista. Através da leitura podemos perceber que os progressistas são (no campo político) os protagonistas. O antagonismo está na maneira conservadora de pensar da outra ala, anti-progressista. Os membros desta ala são os antagonistas neste campo.
Alguns protagonistas (campo social e político).
Mundinho Falcão- Raimundo Falcão, exportador de cacau. O seu principal objetivo era aumentar a produção de cacau, e possibilitar que o cacau fosse exportado sem ter que antes passar pelo porto da Bahia. Era o símbolo do progresso.
"Mundinho Falcão chegou aqui outro dia, como diz Amâncio. E veja quanta coisa já realizou: abriu a avenida ...Trouxe os primeiros caminhões, sem ele não saía o Diário de Ilhéus nem o clube Progresso."
Este trecho define bem o espírito progressista de Mundinho Falcão.
Capitão- Miguel Batista de Oliveira, o Capitão, era aliado a Mundinho Falcão nas disputas políticas. Possuía um nariz grande e curvo, era moreno e estava sempre vestido de impecável roupa branca. Era uma das grandes personalidades da cidade.
O russo Jacob e seu sócio Moacir Estrela- Foram eles que organizaram uma empresa de transportes para explorar a ligação rodoviária entre as duas principais cidades de produção de cacau. Isto foi um progresso já que a viagem rodoviária através das marinetes era muito mais rápida e barata que através da ferrovia, a mais comum na época.
"Que coisa! Quem diria! Trinta e cinco quilômetros em hora e meia...Antigamente a gente levava dois dias, a cavalo..."
Percebe-se por este trecho da narrativa a vantagem da viagem por rodovias através das marinetes.
Alguns membros da Igreja podem aqui ser incluídos (Padre Basílio), já que muitos deles possuíam terras sendo interessante a chegada do progresso.
Antagonistas (campo social e político)
Coronel Ramiro Bastos- Considerado um verdadeiro cacique local, por ser um dos mais antigos moradores de Ilhéus. Era contra a política progressista de Mundinho Falcão, com o qual disputava o poder político da região.
Coronel Amâncio Leal- Era um homem calmo, porém que já havia lutado muito por terras da região, era um célebre chefe de jagunços. A ele pouco interessava todas aquelas inovações do progresso.
Na verdade podemos dizer que praticamente todos os coronéis, os homens com origem naquela terra e que lutaram por ela, não queriam o progresso, não queriam que seu tipo de vida mudasse.
Principais Momentos
Por ser um romance percebemos dentro do enredo várias "sub-histórias" podendo então se localizar pequenos conflitos e até pequenos desfechos caracterizando um pequeno universo. Mas de qualquer forma podemos dividir a obra de acordo com seus principais acontecimentos.

Resumo Livro Gabriela Cravo e Canela

Gabriela Cravo e Canela – Jorge Amado

 Resumo Livro Gabriela Cravo e Canela

A história começa em 1925, na cidade de Ilhéus. A primeira parte é Um Brasileiro das Arábias e sua primeira divisão é O langor de Ofenísia. Vai centrando-se a história nesta parte em dois personagens: Mundinho Falcão e Nacib. Mundinho é um jovem carioca que emigrou para Ilhéus e lá enriqueceu como exportador e planeja acelerar o desenvolvimento da cidade, melhorar os portos e derrubar Bastos, o inepto governante. Nacib é um sírio dono do bar Vesúvio, que se vê em meio a uma grande tragédia pessoal: a cozinheira de seu partiu para ir morar com o filho e ele precisa entregar um jantar para 30 pessoas em comemoração a inauguração de uma linha automotiva regular para a cidade de Itabuna. Ele encomenda com um par de gêmeas careiras, mas passa toda a parte procurando por uma nova cozinheira.
No final desta pequena parte aparece Gabriela, uma retirante que planeja estabelecer-se em Ilhéus como cozinheira ou doméstica, apesar dos pedidos do amante que planeja ganhar dinheiro plantando cacau.
A segunda parte desta primeira parte é A solidão de Glória e passa-se apenas em um dia. O dia começa com o amanhecer de dois corpos na praia, frutos de um crime passional (todo mundo dá razão ao marido traído/assassino), segue com as preparações do jantar e a contratação de Gabriela por Nacib. No jantar acirram-se as diferenças políticas e, na prática, declara-se a guerra pelo poder em Ilhéus entre Mundinho Falcão (oposição) e os Bastos (governo). Quando o jantar acaba (em paz), Nacib volta para casa e, quando ia deixar um presente para Gabriela silenciosa mas não inocentemente, tem com ela a primeira noite de amor/luxúria.
A segunda parte chama-se propriamente Gabriela Cravo e Canela e, passa-se cerca de três meses após o fim do outro capítulo, e três problemas existem: o caso Malvina-Josué-Glória-Rômulo, as complicações políticas e o ciúmes de Nacib. Vamos pela ordem. Josué era admirador de Malvina, filha de um coronel com espírito livre. Esta começa a namorar Rômulo, um engenheiro chamado por Mundinho Falcão para estudar o caso da barra (que impedia que navios grandes atracassem no porto de Ilhéus). Josué se desaponta e se interessa por Glória, amante de um outro coronel. Rômulo foge após um escândalo feito pelo machista (tão machista quanto o resto da sociedade ilheense) pai de Malvina, Malvina faz planos de se libertar e Josué começa um caso em segredo com Glória. Na política, acirra-se a disputa por votos ao ponto do coronel Bastos mandar queimar toda uma tiragem do jornal de Mundinho. Mas Mundinho ganha terreno com a chegada do engenheiro. E perde quando esse foge covarde. E ganha com a promessa da chegada de dragas a Ilhéus.
Nacib enquanto isso desenvolveu um caso com Gabriela. Mas está sendo atacado pelo ciúmes (todos querem Gabriela, perfume de cravo, cor de canela). Aos poucos ele percebe que é amor e acaba propondo casamento a Gabriela após a última investida do juiz . Mas foi a tempo, já que até roças do poderoso cacau de Ilhéus já haviam sido oferecidas a Gabriela. O capítulo acaba durante a festa de casamento de Nacib e Gabriela (no civil, já que Nacib é muçulmano não-praticante), quando chegam as dragas no porto de Ilhéus.
A quarta e última parte chama-se O luar de Gabriela. Nesta resolvem-se todos os casos.
Pela ordem: Josué e Glória oficializam a relação e Glória é expulsa de sua casa por seu coronel. Na parte da política, após o coronel Ramiro Bastos perder o apoio de Itabuna (e mandar matar, sem sucesso, seu ex-aliado; o quase assassino foge com a ajuda de Gabriela, que o conhecia), ele morre placidamente em seu sono, seus aliados reconhecem que estavam errados (a lealdade era com o homem, não suas idéias) e a guerra política acaba com Mundinho e seus candidatos vencedores. Quanto a Nacib e Gabriela… Gabriela não se adapta de jeito nenhum à vida de senhora Saad, para desespero de Nacib. Nacib acaba anulando o casamento ao pegá-la na cama com Tonico Bastos, seu padrinho de casamento. Mas ninguém ri de Nacib; pelo contrário, Tonico é humilhado e sai da cidade, o casamento é anulado sem complicações (os papéis de Gabriela eram falsos) e Gabriela sai de casa. Nacib fica amargurado e vai se recuperando. As obras na barra se completam com sucesso e Nacib e Mundinho abrem um restaurante juntos. O cozinheiro chamado pelos dois é… convidado a se retirar da cidade por admiradores de Gabriela, que acaba sendo recontratada por Nacib. Semanas depois, Nacib e ela reiniciam seu caso, tão ardente como era no começo e deixara e ser após o casamento.
Num epílogo, o coronel, assassino dos dois amante da primeira parte, é condenado à prisão.
Cheio de uma crítica à sociedade ilheense, a própria linguagem do autor muda quando foca-se a atenção em Gabriela. Torna-se mais cantada, mais típica da região (como é a fala de todos), deixando a leitura cada vez mais saborosa.

LITERATURA BRASILEIRA:SEGUNDA FASE MODERNISTA(1930-1945)

LITERATURA BRASILEIRA:

SEGUNDA FASE MODERNISTA(1930-1945)

FATOS HISTÓRICOS


·        Brasil: Ditadura do Getúlio Vargas
·        Fora do Brasil: depressão econômica / nazismo / Segunda Guerra Mundial

POESIA

CARACTERÍSTICAS

·        PREOCUPAÇÃO SOCIAL: necessidade de compreender o mundo transformado pela guerra.
·        LINGUAGEM: versos livres e brancos, mas o poeta pode ser formal.
·        POESIA INTIMISTA: questão espiritual ou reflexão amorosa.

AUTORES


·        MURILO MENDES: sátira / poemas- piada / poesia religiosa / “Tempo e Eternidade” (parceria com Jorge de Lima) / consciência do caos / ordena o caos: lógica, criatividade, libertação do trabalho poético.

·        JORGE DE LIMA: parnasiano / poesia social / poesia religiosa / desigualdade social.

·        CARLOS DUMMONDE DE ANDRADE: representação do cotidiano / nega toda forma de fuga à realidade / cético / presente (solução: união e trabalho coletivo)

·        CECÍLIA MEIRELES: inspiração neo-simbolista (Revista “Festa”) / intimismo / sonho / solidão / tempo (transitoriedade) / linguagem simbólica / sinestesia / musicalidade.

·        VINÍCIUS DE MORAES: neo-simbolista / renovação caótica da década de 30 / tom religioso / sensualismo erótico (prazer da carne X formação religiosa) / valorização do presente / felicidade X infelicidade / inspiração poética: tristeza.

·        OUTROS AUTORES: Cassiano Ricardo e Augusto Frederico Schmidt

ROMANCE

CARACTERÍSTICAS
·        REALISMO CRÍTICO:critica-se para denunciar uma questão social e, assim, chegar a uma solução
·        SITUAÇÃO DOS PROLETARIADOS RURAIS: presença do homem do sertão.
·        LINGUAGEM PRÓXIMA DA FALA: reprodução da fala regional.

QUADRO GERAL DO AUTORES REGIONALISTAS DOS ANOS 30
AUTORES
OBRA PRINCIPAL
REGIÃO/ASSUNTO
José Américo de Almeida
A bagaceira
Sertão nordestino / seca
Rachel de Queiroz
O Quinze
Sertão nordestino / seca
Graciliano Ramos
Vidas secas
Sertão nordestino / seca
José Lins do Rego
Fogo morto
Sertão nordestino / engenho e cangaço
Jorge amado
Gabriela, cravo e canela
Sertão e litoral baiano / cacau, religião e amor
Érico Veríssimo
O tempo e o vento
Pampa gaúcho e cidade / colonização, história e dramas urbanos
Cornélio Pena
Fronteira
Zona Rural Mineira /introspecção
Dionélio Machado
Os ratos
Cidade gaúcha / dramas urbanos
Octávio de Faria
Tragédia burguesa
Rio de Janeiro / análise social
Cyro dos Anjos
O amanuense Belmiro
Zona urbana mineira / análise social
Marques Rabelo
A estrela sobe
Rio de Janeiro / análise social.

 

Modernismo - Segunda Fase


"Os camaradas não disseram que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento."
(Carlos Drummond de Andrade)
Recebendo como herança todas as conquistas da geração de 1922, a segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.
Período extremamente rico tanto em termos de produção poética quanto de prosa, reflete um conturbado momento histórico: no plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço do nazifascismo e a II Guerra Mundial; no plano interno, Getúlio Vargas ascende ao poder e se consolida como ditador, no Estado Novo. Assim, a par das pesquisas estéticas, o universo temático se amplia, incorporando preocupações relativas ao destino dos homens e ao "estar-no-mundo".
Em 1945, ano do fim da guerra, das explosões atômicas, da criação da ONU e, no plano nacional, da derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária do Brasil.

Momento histórico

 

O período que vai de 1930 a 1945 talvez tenha testemunhado as maiores transformações ocorridas neste século. A década de 1930 começa sob o forte impacto da crise iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, seguida pelo colapso do sistema financeiro internacional: é a Grande Depressão, caracterizada por paralisações de fábricas, rupturas nas relações comerciais, falências bancárias, altíssimo índice de desemprego, fome e miséria generalizadas. Assim, cada país procura solucionar internamente a crise, mediante a intervenção do Estado na organização econômica. Ao mesmo tempo, a depressão leva ao agravamento das questões sociais e ao avanço dos partidos socialistas e comunistas, provocando choques ideológicos, principalmente com as burguesias nacionais, que passam a defender um Estado autoritário, pautado por um nacionalismo conservador, por um militarismo crescente c por uma postura anticomunista e antiparlamentar - ou seja, um Estado fascista. É o que ocorre na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler, na Espanha de Franco e no Portugal de Salazar.
O desenvolvimento do nazifascismo e de sua vocação expansionista, o crescente militarismo e armamentismo, somados às frustrações geradas pelas derrotas na I Guerra Mundial: este é, em linhas gerais, o quadro que levaria o mundo à II Guerra Mundial ( 1939-1945) e ao horror atômico de Hiroxima e Nagasáqui (agosto de 1945).
No Brasil, 1930 marca o ponto máximo do processo revolucionário estudado nos dois capítulos anteriores, ou seja, é o fim da República Velha, do domínio das velhas oligarquias ligadas ao café e o início do longo período em que Vargas permaneceu no poder.
A eleição de 1°- de março de 1930 para a sucessão de Washington Luís representava a disputa entre o candidato Getúlio Vargas, em nome da Aliança Liberal, que reunia Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, e o candidato oficial Júlio Prestes, paulista, que contava com o apoio das demais unidades da Federação. O resultado da eleição foi favorável a Júlio Prestes; entretanto, entre a eleição e a posse, que se daria em novembro, estoura a Revolução de 30, em 3 de outubro, ao mesmo tempo que a economia cafeeira sente os primeiros efeitos da crise econômica mundial.
A Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas a um governo provisório, contava com o apoio da burguesia industrial, dos setores médios e dos tenentes responsáveis pelas revoltas na década de 1920 (exceção feita a Luís Carlos Prestes, que, no exílio, havia optado claramente pelo comunismo). Desenvolve-se, assim, uma política de incentivo à industrialização e à entrada de capital norte-americano, em substituição ao capital inglês.
Uma tentativa contra-revolucionária partiu de São Paulo, em 1932, como resultado da frustração dos paulistas com a Revolução de 30: a oligarquia cafeeira sentia-se prejudicada pela política econômica de Vargas; as classes médias e a burguesia temiam as agitações sociais; e, para coroar o descontentamento, Vargas havia nomeado um interventor pernambucano para São Paulo. A chamada Revolução Constitucionalista explodiu em 9 de julho, mas não logrou êxito. Se Guilherme de Almeida foi o poeta da Revolução paulista, tendo produzido vários textos ufanistas, Oswald de Andrade foi seu romancista crítico, como atesta seu livro Marco zero - a revolução melancólica.
Ainda em 32, a ideologia fascista encontra ressonância no nacionalismo exacerbado do Grupo Verde-Amarelo, liderado por Plínio Salgado, fundador da Ação Integralista Brasileira. Ao mesmo tempo crescem no Brasil as forças de esquerda. Em 1934, elas formam uma frente única: a ANL - Aliança Nacional Libertadora. Tornam-se freqüentes os choques entre a extrema-direita e os membros da ANL, até que o governo federal manda fechá-la, por "atividade subversiva de ordem política e social", em julho de 1935. Entretanto, na clandestinidade, a ANL tenta uma revolução, em novembro desse mesmo ano, "contra o imperialismo e o fascismo" e "por um governo popular nacional revolucionário". Os revoltosos previam uma rebelião militar imediatamente acompanhada por revoltas populares, mas o movimento não foi além de três unidades militares, logo derrotadas; milhares de pessoas foram aprisionadas, e o governo obteve um pretexto para endurecer o regime.
Getúlio Vargas, auxiliado pelos integralistas, inicia sua ditadura em 10 de novembro de 1937. O chamado Estado Novo será um longo período antidemocrático, anticomunista, baseado num nacionalismo conservador e na idolatria de um chefe único: Getúlio Vargas. Essa situação se prolongará até 29 de outubro de 1945, quando, pressionado, Getúlio renuncia.
Diante desses significativos acontecimentos, Carlos Drummond de Andrade publica, em 1945, um poema intitulado "Nosso tempo", que revela o estado de ânimo da parcela mais consciente da sociedade:

"Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
(...)"