quinta-feira, 30 de agosto de 2012

LITERATURA BRASILEIRA:SEGUNDA FASE MODERNISTA(1930-1945)

LITERATURA BRASILEIRA:

SEGUNDA FASE MODERNISTA(1930-1945)

FATOS HISTÓRICOS


·        Brasil: Ditadura do Getúlio Vargas
·        Fora do Brasil: depressão econômica / nazismo / Segunda Guerra Mundial

POESIA

CARACTERÍSTICAS

·        PREOCUPAÇÃO SOCIAL: necessidade de compreender o mundo transformado pela guerra.
·        LINGUAGEM: versos livres e brancos, mas o poeta pode ser formal.
·        POESIA INTIMISTA: questão espiritual ou reflexão amorosa.

AUTORES


·        MURILO MENDES: sátira / poemas- piada / poesia religiosa / “Tempo e Eternidade” (parceria com Jorge de Lima) / consciência do caos / ordena o caos: lógica, criatividade, libertação do trabalho poético.

·        JORGE DE LIMA: parnasiano / poesia social / poesia religiosa / desigualdade social.

·        CARLOS DUMMONDE DE ANDRADE: representação do cotidiano / nega toda forma de fuga à realidade / cético / presente (solução: união e trabalho coletivo)

·        CECÍLIA MEIRELES: inspiração neo-simbolista (Revista “Festa”) / intimismo / sonho / solidão / tempo (transitoriedade) / linguagem simbólica / sinestesia / musicalidade.

·        VINÍCIUS DE MORAES: neo-simbolista / renovação caótica da década de 30 / tom religioso / sensualismo erótico (prazer da carne X formação religiosa) / valorização do presente / felicidade X infelicidade / inspiração poética: tristeza.

·        OUTROS AUTORES: Cassiano Ricardo e Augusto Frederico Schmidt

ROMANCE

CARACTERÍSTICAS
·        REALISMO CRÍTICO:critica-se para denunciar uma questão social e, assim, chegar a uma solução
·        SITUAÇÃO DOS PROLETARIADOS RURAIS: presença do homem do sertão.
·        LINGUAGEM PRÓXIMA DA FALA: reprodução da fala regional.

QUADRO GERAL DO AUTORES REGIONALISTAS DOS ANOS 30
AUTORES
OBRA PRINCIPAL
REGIÃO/ASSUNTO
José Américo de Almeida
A bagaceira
Sertão nordestino / seca
Rachel de Queiroz
O Quinze
Sertão nordestino / seca
Graciliano Ramos
Vidas secas
Sertão nordestino / seca
José Lins do Rego
Fogo morto
Sertão nordestino / engenho e cangaço
Jorge amado
Gabriela, cravo e canela
Sertão e litoral baiano / cacau, religião e amor
Érico Veríssimo
O tempo e o vento
Pampa gaúcho e cidade / colonização, história e dramas urbanos
Cornélio Pena
Fronteira
Zona Rural Mineira /introspecção
Dionélio Machado
Os ratos
Cidade gaúcha / dramas urbanos
Octávio de Faria
Tragédia burguesa
Rio de Janeiro / análise social
Cyro dos Anjos
O amanuense Belmiro
Zona urbana mineira / análise social
Marques Rabelo
A estrela sobe
Rio de Janeiro / análise social.

 

Modernismo - Segunda Fase


"Os camaradas não disseram que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento."
(Carlos Drummond de Andrade)
Recebendo como herança todas as conquistas da geração de 1922, a segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.
Período extremamente rico tanto em termos de produção poética quanto de prosa, reflete um conturbado momento histórico: no plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço do nazifascismo e a II Guerra Mundial; no plano interno, Getúlio Vargas ascende ao poder e se consolida como ditador, no Estado Novo. Assim, a par das pesquisas estéticas, o universo temático se amplia, incorporando preocupações relativas ao destino dos homens e ao "estar-no-mundo".
Em 1945, ano do fim da guerra, das explosões atômicas, da criação da ONU e, no plano nacional, da derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária do Brasil.

Momento histórico

 

O período que vai de 1930 a 1945 talvez tenha testemunhado as maiores transformações ocorridas neste século. A década de 1930 começa sob o forte impacto da crise iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, seguida pelo colapso do sistema financeiro internacional: é a Grande Depressão, caracterizada por paralisações de fábricas, rupturas nas relações comerciais, falências bancárias, altíssimo índice de desemprego, fome e miséria generalizadas. Assim, cada país procura solucionar internamente a crise, mediante a intervenção do Estado na organização econômica. Ao mesmo tempo, a depressão leva ao agravamento das questões sociais e ao avanço dos partidos socialistas e comunistas, provocando choques ideológicos, principalmente com as burguesias nacionais, que passam a defender um Estado autoritário, pautado por um nacionalismo conservador, por um militarismo crescente c por uma postura anticomunista e antiparlamentar - ou seja, um Estado fascista. É o que ocorre na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler, na Espanha de Franco e no Portugal de Salazar.
O desenvolvimento do nazifascismo e de sua vocação expansionista, o crescente militarismo e armamentismo, somados às frustrações geradas pelas derrotas na I Guerra Mundial: este é, em linhas gerais, o quadro que levaria o mundo à II Guerra Mundial ( 1939-1945) e ao horror atômico de Hiroxima e Nagasáqui (agosto de 1945).
No Brasil, 1930 marca o ponto máximo do processo revolucionário estudado nos dois capítulos anteriores, ou seja, é o fim da República Velha, do domínio das velhas oligarquias ligadas ao café e o início do longo período em que Vargas permaneceu no poder.
A eleição de 1°- de março de 1930 para a sucessão de Washington Luís representava a disputa entre o candidato Getúlio Vargas, em nome da Aliança Liberal, que reunia Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, e o candidato oficial Júlio Prestes, paulista, que contava com o apoio das demais unidades da Federação. O resultado da eleição foi favorável a Júlio Prestes; entretanto, entre a eleição e a posse, que se daria em novembro, estoura a Revolução de 30, em 3 de outubro, ao mesmo tempo que a economia cafeeira sente os primeiros efeitos da crise econômica mundial.
A Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas a um governo provisório, contava com o apoio da burguesia industrial, dos setores médios e dos tenentes responsáveis pelas revoltas na década de 1920 (exceção feita a Luís Carlos Prestes, que, no exílio, havia optado claramente pelo comunismo). Desenvolve-se, assim, uma política de incentivo à industrialização e à entrada de capital norte-americano, em substituição ao capital inglês.
Uma tentativa contra-revolucionária partiu de São Paulo, em 1932, como resultado da frustração dos paulistas com a Revolução de 30: a oligarquia cafeeira sentia-se prejudicada pela política econômica de Vargas; as classes médias e a burguesia temiam as agitações sociais; e, para coroar o descontentamento, Vargas havia nomeado um interventor pernambucano para São Paulo. A chamada Revolução Constitucionalista explodiu em 9 de julho, mas não logrou êxito. Se Guilherme de Almeida foi o poeta da Revolução paulista, tendo produzido vários textos ufanistas, Oswald de Andrade foi seu romancista crítico, como atesta seu livro Marco zero - a revolução melancólica.
Ainda em 32, a ideologia fascista encontra ressonância no nacionalismo exacerbado do Grupo Verde-Amarelo, liderado por Plínio Salgado, fundador da Ação Integralista Brasileira. Ao mesmo tempo crescem no Brasil as forças de esquerda. Em 1934, elas formam uma frente única: a ANL - Aliança Nacional Libertadora. Tornam-se freqüentes os choques entre a extrema-direita e os membros da ANL, até que o governo federal manda fechá-la, por "atividade subversiva de ordem política e social", em julho de 1935. Entretanto, na clandestinidade, a ANL tenta uma revolução, em novembro desse mesmo ano, "contra o imperialismo e o fascismo" e "por um governo popular nacional revolucionário". Os revoltosos previam uma rebelião militar imediatamente acompanhada por revoltas populares, mas o movimento não foi além de três unidades militares, logo derrotadas; milhares de pessoas foram aprisionadas, e o governo obteve um pretexto para endurecer o regime.
Getúlio Vargas, auxiliado pelos integralistas, inicia sua ditadura em 10 de novembro de 1937. O chamado Estado Novo será um longo período antidemocrático, anticomunista, baseado num nacionalismo conservador e na idolatria de um chefe único: Getúlio Vargas. Essa situação se prolongará até 29 de outubro de 1945, quando, pressionado, Getúlio renuncia.
Diante desses significativos acontecimentos, Carlos Drummond de Andrade publica, em 1945, um poema intitulado "Nosso tempo", que revela o estado de ânimo da parcela mais consciente da sociedade:

"Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
(...)"

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