quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Gabriela Cravo e Canela

Gabriela Cravo e Canela
Resumo

O romance, Gabriela, Cravo e Canela, pertence ao Modernismo de segunda fase, dividido em duas partes e estas também divididas em outras duas.
            A história começa em 1925, na cidade de Ilhéus.
A primeira parte é Um Brasileiro das Arábias e sua primeira divisão é O langor de Ofenísia. A história nesta parte centra-se em dois personagens: Mundinho Falcão e Nacib. Mundinho é um jovem carioca que veio morar em Ilhéus e enriqueceu como exportador. Planeja acelerar o desenvolvimento da cidade, melhorar os portos e derrubar Bastos, o inepto governante. Nacib é um sírio (que detesta ser chamado de turco, respondendo sempre que "turco é a mãe!") dono do bar Vesúvio, que se encontra em meio a uma grande tragédia pessoal: a cozinheira de seu bar partiu para ir morar com o filho e ele precisa realizar um jantar para 30 pessoas em comemoração a inauguração de uma linha de ônibus para a cidade de Itabuna. Ele encomenda com um par de gêmeas careiras, mas passa todo capítulo procurando por uma nova cozinheira. No final deste capítulo aparece Gabriela, uma retirante que planeja estabelecer-se em Ilhéus como cozinheira ou doméstica, apesar dos pedidos do amante que planeja ganhar dinheiro plantando cacau.
O segundo capítulo desta primeira parte é A Solidão de Glória e passa-se apenas em um dia. O dia começa com o amanhecer de dois corpos na praia, frutos de um crime passional (todo mundo dá razão ao marido traído/assassino), segue com as preparações do jantar e a contratação de Gabriela por Nacib. No jantar acirram-se as diferenças políticas e, na prática, declara-se a guerra pelo poder em Ilhéus entre Mundinho Falcão (oposição) e os Bastos (governo). Quando o jantar acaba, Nacib volta para casa e, quando ia deixar um presente para Gabriela, silencioso, mas não inocentemente, tem com ela a primeira noite de prazer.
            A segunda parte chama-se é a que dá o nome ao romance, Gabriela Cravo e Canela e sua primeira metade, o capítulo terceiro, chama-se O Segredo de Malvina e passa-se cerca de três meses após o fim do capítulo anterior. Três problemas existem: o caso Malvina-Josué-Glória-Rômulo, as complicações políticas e os ciúmes de Nacib. O primeiro: Josué era admirador de Malvina, com espírito livre, mas filha de um coronel. Esta começa a namorar Rômulo, um engenheiro chamado por Mundinho Falcão para estudar um meio de aumentar a profundidade do canal da barra para permitir que navios grandes atracassem no porto de Ilhéus. Josué se desaponta com Malvina e passa a se interessar por Glória, amante de um outro coronel. Rômulo foge após um escândalo feito pelo machista pai de Malvina. Malvina faz planos de se libertar e Josué começa um caso em segredo com Glória. Na política, acirra-se a disputa por votos. O coronel Bastos manda queimar toda uma tiragem do jornal de Mundinho. Mas Mundinho ganha terreno com a chegada do engenheiro. E perde quando esse foge covardemente. Mas a promessa da chegada da dragas a Ilhéus reverte a situação a favor de Mundinho. Nacib enquanto isso, inicia um caso de amor com Gabriela. Mas está sofrendo terrivelmente pelo ciúme, pois todos cortejam Gabriela, a morena cor de canela e com cheiro de cravo das guloseimas que prepara para o bar de Nacib. Aos poucos ele percebe que é amor e acaba propondo casamento a Gabriela após
a última investida do juiz. O capítulo acaba durante a festa de casamento de Nacib e Gabriela, quando chegam as dragas no porto de Ilhéus.
A quarta e última parte chama-se O Luar de Gabriela. Nesta resolvem-se todos os casos. Pela ordem: Josué e Glória oficializam a relação e Glória é expulsa de sua casa por seu coronel. Na parte da política, após o coronel Ramiro Bastos perder o apoio de Itabuna, ele morre placidamente em seu sono, seus aliados reconhecem que estavam errados (a lealdade era com o homem, não suas idéias) e a guerra política acaba com Mundinho e seus candidatos vencedores.
             Gabriela não se adapta de jeito nenhum à vida de casada, para desespero de Nacib, que pede anulação do casamento ao pegá-la na cama com Tonico Bastos, seu padrinho de casamento. Ninguém ri de Nacib; ao contrário, Tonico é humilhado pela traição ao amigo e sai da cidade. O casamento é anulado sem complicações, pois os papéis de Gabriela eram falsos e ela sai de casa. Nacib fica profundamente amargurado, mas acaba se recuperando. As obras na barra se completam com sucesso. Nacib e Mundinho abrem um restaurante juntos. O cozinheiro chamado pelos dois é obrigado a sair da cidade por admiradores de Gabriela que o ameaçam. Sem alternativa, Nacib recontrata Gabriela. Semanas depois, Nacib e ela reiniciam seu caso, tão ardente como era no começo.

No epílogo, o coronel, que mandou assassinar os dois amantes da primeira parte, é condenado à prisão.

Clímax e Desfecho

          O clímax é o momento marcante de qualquer livro, em "Gabriela Cravo e Canela" existem vários momentos marcantes, porém podemos estabelecer os dois principais em seus respectivos universos.

• Clímax (amoroso) - O clímax deste campo ocorre no momento em que Nacib flagra Gabriela o traindo em sua cama em companhia do sedutor Tonico Bastos.

• Clímax (social e político) - Neste campo o clímax ocorre quando Mundinho Falcão ganha a batalha política do coronel Ramiro Bastos, e acaba então se elegendo. Mostrando que a força do progresso só crescia.

       O desfecho é a parte de conclusão dos acontecimentos da trama, que depende dos acontecimentos do clímax.

• Desfecho (amoroso)- Apesar de ser traído, Nacib sente a falta de Gabriela, tanto no lado profissional (Gabriela enquanto cozinheira), quanto no lado sentimental (a falta de sua amada). Então Nacib acaba perdoando Gabriela, e eles passam a viver como antes do casamento.

• Desfecho (social e político) - Com a vitória de Mundinho Falcão nas eleições o progresso chegou de vez à Ilhéus, sendo quebrados os tabus dos coronéis e iniciando-se novas obras em prol da cidade.

Personagens

• Gabriela - Moça de grande vitalidade que reúne grandes características do biótipo nortista do interior, sendo retirante fugida da seca. Animada, bem disposta, era bonita e por onde passava chamava atenção dos homens, provocando inveja nas mulheres. Não era mulher de relacionamentos mais sérios como o casamento nos quais se sentia "presa". A traição na sua relação com Nacib ocorreu devido a este fato. Gabriela é quem dá ênfase à trama.

• Nacib - O personagem é fundamental não só pela sua relação com Gabriela mas também pelo fato de ser dono do mais importante ponto de encontro da região, o Bar Vesúvio. Era imigrante vindo da Síria e não gostava de fazer parte de nenhum laço político. Pensava ele que se fizesse parte da política poderia perder clientela em casos de desentendimento, já que todos da sociedade frequentavam seu bar. É ele o primeiro homem, na narrativa, a se encantar com a beleza de Gabriela. Era, de acordo com o próprio livro, "um enorme brasileiro, alto e gordo, cabeça chata e farta cabeleira, ventre demasiadamente crescido..." Possuía ainda frondosos bigodes, um rosto gordo e bonachão, além de uma boca grande de sorriso fácil.

• Tonico Bastos - Filho do coronel Ramiro Bastos, possuía a fama de conquistador. Sua razão de viver era esta, o de ser o irresistível. Andava sempre bem vestido, e com um andar despreocupado. Tinha muito sucesso com as mulheres e as opiniões sobre ele variavam em Ilhéus, uns o consideravam bom rapaz e inofensivo. Outros achavam ele burro, covarde e preguiçoso. Era padrinho do casamento de Gabriela e Nacib.

• As irmãs dos Reis - Duas grandes cozinheiras de Ilhéus, Quinquina e Florzinha eram também muito conhecidas por terem construído um enorme presépio. Neste encontravam-se além de imagens santas, imagens de personalidades que foram importantes na história do Brasil.

• Malvina - Por ser jovem e mulher era muito controlada pelo pai, o que era muito comum na época. Por outro lado era a única que possuía coragem para requerer seus direitos. Acabou fugindo de Ilhéus para não ter que casar com quem não queria.

• Filomena - Empregada de Nacib desde que ele comprara o bar, acaba indo embora para morar com o filho Vicente. Abrindo então uma vaga que posteriormente será ocupada por Gabriela.

• Mundinho Falcão - Raimundo Falcão, exportador de cacau. O seu principal objetivo era aumentar a produção de cacau, e possibilitar que o cacau fosse exportado sem ter que antes passar pelo porto da Bahia. Era o símbolo do progresso.

• Capitão - Miguel Batista de Oliveira, o Capitão, era aliado a Mundinho Falcão nas disputas políticas. Possuía um nariz grande e curvo, era moreno e estava sempre vestido de impecável roupa branca. Era uma das grandes personalidades da cidade.                                                                                7
• O russo Jacob e seu sócio Moacir Estrela - Foram eles que organizaram uma empresa de transportes para explorar a ligação rodoviária entre as duas principais cidades de produção de cacau. Isto foi um progresso já que a viagem rodoviária através das marinetes era muito mais rápida e barata que através da ferrovia, a mais comum na época.

• Coronel Ramiro Bastos - Considerado um verdadeiro cacique local, por ser um dos mais antigos moradores de Ilhéus. Era contra a política progressista de Mundinho Falcão, com o qual disputava o poder político da região.

• Coronel Amâncio Leal - Era um homem calmo, porém que já havia lutado muito por terras da região, era um célebre chefe de jagunços. A ele pouco interessava todas aquelas inovações do progresso.

• Josué - admirador de Malvina.
• Rômulo – um engenheiro contratado por Mundinho Falcão para estudar o caso da barra.
• Glória – filha de um coronel.

Tempo e Espaço

            O ambiente é a região cacaueira de Ilhéus, Bahia, e há personagens de diferentes classes sociais, fazendo com que haja variações linguísticas.
Os principais locais visitados eram os bares e cabarés, onde o principal cabaré é o Bataclan, e o bar com menos movimentação é o Vesúvio, mas com o tempo ele superou o Café Ideal e o Bar Chic, perdendo apenas para o Pingo de Ouro, mas passa a ser o de melhor movimentação após a contratação de Gabriela.
            E o tempo é em Ilhéus, na década de 20.

Características da Obra
• Regionalismo - Mostra a Região Nordeste, a miséria, a seca e o descaso dos políticos com essa região.

• Lirismo - Onde o autor expressa diretamente seus sentimentos, estado de espírito e emoções com o objetivo de sensibilizar o leitor .

• Narrador  Onisciente  e em 3ª Pessoa – Ou seja, é aquele narrador que tem conhecimento de tudo que se passa na trama e não participa da história.
  Personagens relacionadas ao meio - São personagens influenciados pelo meio social  em que vivem.
  Romance fictício – Não é um romance verdadeiro.
• Paradoxo entre crescimento urbano e a imposição das regras arcaicas ditada pelos coronéis e capitães cacaueiros – Apesar da cidade de Ilhéus está em progresso, as pessoas ainda possuiam conhecimentos antigos e não aceitavam a modernidade de alguns fatos.
• Preocupação com os costumes e tradições populares:  A preocupação parte dos cenários do Agreste e da Zona Cacaueira para uma reflexão sobre a vida, os amores e os costumes da sociedade.
 •Humor

• Erotismo

Crítica Social
• Os Coronéis X as Forças Progressistas - Este conflito ocorre em plano político. Os coronéis extremamente conservadores são contra o progresso que chegava em Ilhéus, pois temiam perder seus poderes locais. Com o progresso aumentaria o comércio diminuindo assim a importância dos grandes latifundiários da região.

• Exploração dos lavradores - O meio que os coronéis encontravam para manter suas riquezas era a super-exploração dos lavradores. Devido às terras se concentrarem nas mãos de poucos latifundiários ficando uma grande massa de trabalhadores passando fome e por não terem escolha aceitam as miseráveis condições impostas por estes.

• As relações sociais - A mulher não possuía direitos como os do homem, suas opiniões não eram consideradas pela sociedade, possuía apenas o papel de cuidar dos afazeres domésticos e terem filhos. Às vezes eram tratadas como objetos assim como a alguns trabalhadores braçais, verdadeiras mercadorias.

• O adultério - O livro divulga bem esta questão. Nesta época o adultério era extremamente comum, porém punido com severidade, era normal o homem traído matar a mulher e o amante para manter sua imagem limpa perante a sociedade, isto era chamado de defesa da honra. No caso da traição de Gabriela, ela acabou perdoada por Nacib destoando dos demais casos da época e acabando com este "tabu".

Lexicografia

Esta obra apresenta altos e baixos, o escritor abusa dos clichês e não tem cuidado formal. Apesar disso, ao lermos seu romance temos uma vasta visão da sociedade baiana.
O tom coloquial e popular de suas obras cativou o público que se encantou com seus livros que foram traduzidos em vários países.
A linguagem exerce um papel importante na sociedade, pois através dela o homem se constitui como sujeito, estabelece as relações sociais, retrata o conhecimento de si próprio e do mundo que está inserido. Gabriela, Cravo e Canela alia o lirismo à crítica social, caracteriza-se pela simplicidade da linguagem e pelo tom coloquial e popular, satirizante e de fácil comunicação com o público com um estilo solto, através de sua riqueza léxico-semântica, impregnadas nas frases feitas, nos provérbios e no seu próprio estilo. Os personagens são de diversas classes sociais e espaços geográficos, havendo, portanto, as variações linguísticas nos planos diastráticos e diatópicos.

6 comentários:

  1. Parabéns! Adorei, me ajudou muito.. Obrigado!!

    ResponderExcluir
  2. Muito bom onresumo que fizeram.Gracias20/ 8 / 2018

    ResponderExcluir
  3. Então o tempo e cronológico certo? E vc sabe alguma parte dessa obra que mostra realmente que o tempo e cronológico pois vou fazer um trabalho e preciso saber disso

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. São poucos sites que demonstram habilidade para repassar um conteúdo didático como esse. Parabéns pelo profissionalismo

    ResponderExcluir