quarta-feira, 29 de agosto de 2012

juventude brasileira

juventude brasileira

Finalizando…

Para grande parte da juventude brasileira, aquela que de alguma
forma foi excluída antes de concluir o ensino básico, parece que a ex-
periência escolar pouco contribuiu e contribui na construção da sua
condição juvenil, a não ser pelas lembranças negativas ou, o que é tam-
bém comum, pela sensação de incapacidade, atribuindo a si mesmos a
“culpa” pelo fracasso escolar, com um sentimento que vai minando a
auto-estima. Esses jovens já vivem sua juventude marcadas pelo signo
de uma inclusão social subalterna, enfrentando as dificuldades de quem
está no mercado de trabalho sem as certificações exigidas.
Para aqueles que freqüentaram e freqüentam o ensino médio,
parece que a escola contribui, em parte, na construção e na vivência
da sua condição juvenil. E é em parte, porque a escola perdeu o mo-
nopólio da socialização dos jovens, que vem ocorrendo em múltiplos
espaços e tempos, principalmente naqueles intersticiais dominados
pela sociabilidade, como vimos. Essa constatação traz conseqüências
significativas. Implica reconhecer que a dimensão educativa não se re-
duz à escola, nem que as propostas educativas para os jovens tenham
de acontecer dominadas pela lógica escolar. Implica investir em políti-
cas que considerem a cidade na sua dimensão educativa, garantindo o
direito de ir-e-vir, até mesmo nas noites dos finais de semana, o acesso
a equipamentos de cultura e de lazer, mas, principalmente, transfor-
mando o espaço público em espaços de encontro, de estímulo e de am-
pliação das potencialidades humanas dos jovens, e possibilitando, de
fato, uma cidadania juvenil.
Todavia, a escola também só contribui em parte, porque a
vivência juvenil no cotidiano escolar é marcada pela tensão e pelos
constrangimentos na sua difícil tarefa de constituir-se como aluno. Não
significa, porém, que negamos os avanços que ocorreram nesta ultima
década, principalmente no que diz respeito ao acesso. Afinal, esses jo-
vens hoje freqüentam o ensino médio, de onde eram sistematicamente
excluídos. Mas, se a escola se tornou menos desigual, continua sendo
injusta. E assim é, devido, em grande parte, ao fato da escola e seus
profissionais ainda não reconhecerem que seus muros ruíram, que os
alunos que ali chegam trazem experiências sociais, demandas e necessi-
dades próprias. Continuam lidando com os jovens com os mesmos
parâmetros consagrados por uma cultura escolar construída em outro
contexto.
A escola tem de se perguntar se ainda é válida uma proposta
educativa de massas, homogeneizante, com tempos e espaços rígidos,
numa lógica disciplinadora, em que a formação moral predomina so-
bre a formação ética, em um contexto dinâmico, marcado pela flexibi-
lidade e fluidez, de individualização crescente e de identidades plurais.
Parece-nos que os jovens alunos, nas formas em que vivem a experiên-
cia escolar, estão dizendo que não querem tanto ser tratados como
iguais, mas, sim, reconhecidos nas suas especificidades, o que implica
serem reconhecidos como jovens, na sua diversidade, um momento pri-
vilegiado de construção de identidades, de projetos de vida, de experi-
mentação e aprendizagem da autonomia. Demandam dos seus profes-
sores uma postura de escuta – que se tornem seus interlocutores diante
de suas crises, dúvidas e perplexidades geradas, ao trilharem os labi-
rintos e encruzilhadas que constituem sua trajetória de vida. Enfim,
parece-nos que demandam da escola recursos e instrumentos que os
zação juvenil.
tornem capazes de conduzir a própria vida, em uma sociedade na qual
a construção de si é fundamental para dominar seu destino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário